quinta-feira, 1 de março de 2012

Oi pai!


Oi pai.

Hoje o dia amanheceu meio cinza sabe, o tempo tá fresquinho por aqui.

Eu de manhã cedo tirei um casaco leve, pro caso de bater um friozinho lá fora. Ventou muito e o tempo tá querendo virar pra deixar o inverno se aproximar. Mas eu fiz do jeito que vc sempre disse pra fazer. Fica tranquilo viu, que a tua cabritinha tá agasalhada.

Pai, quero te confessar uma coisa...sem perceber esperei o telefone tocar e vc dizer pra eu não esquecer de colocar o casaco, pois vc tinha visto na tv que o tempo iria mudar.

Sabe pai, difícil mesmo é agasalhar essa saudade que eu sinto de ti.

Sinto falta dos nossos telefonemas no meio da madrugada, quando o sono não queria vir e da tua palavra me dizendo que no final das contas tudo vai acabar bem.

Pai, lembra quando eu tinha minhas dúvidas de adolescente e te perguntava se um dia isso iria acabar? E vc respondia é assim mesmo minha fillha, é que minha cabritinha tá crescendo. Tô eu aqui de novo aos 40 me fazendo a mesma pergunta. Não mudou muito né, rsrsr. Mas a diferença é que vc não está aqui pra falar isso pra mim. Mas tudo bem né, eu sempre falei que cada um tem que crescer sozinho mesmo...Tô tendo que crescer sozinha, sem te ouvir me chamar de "cabritinha" e confesso que fica mais difícil sem poder ouvir tua voz dizendo que sempre vai torcer por mim.

No dia 07 eu acordei bem cedinho, esperando de novo aquele telefonema de sempre, pra me desejar feliz aniversário. Eu queria ouvir vc dizendo “acorda cabritinha preguiçosa, feliz aniversário, eu queria ser o primeiro a ligar”. Esse ano Deus me presenteou com o telefonema da mamãe, no mesmo horário e do mesmo jeito que vc sempre fez. Fiquei surpresa, mas sei que Ele e vc fizeram isso pra eu não me sentir tão só e foi através do telefonema dela que eu senti teu abraço. Obrigada pelo presente viu. Naquele instante senti como se de algum modo, do seu jeito vc quisesse estar ali comemorando comigo aquele dia. Sei que vc aonde está, do seu jeito também contribuiu com aquele "feliz aniversário" e o tornou tão especial quanto o que vc me deu todos esses anos.

Pai, hoje tá fazendo um ano que vc seguiu um novo caminho. Acho que o tempo daqui e o tempo daí não correm da mesma forma, mas eu queria dizer que vc deixou muita saudade entre nós. Sinto muito a tua falta. De vez em quando bate um vazio enoooorme sabe, e eu acabo chorando um pouco, mas não fica preocupado não viu, tá tudo bem por aqui.

Sei que o tempo de Deus é diferente do nosso, mas confio e acredito Nele e no amor que ele colocou dentro de todos nós. Uma hora essa dor vai acabar cedendo espaço pra uma sensação de leveza. A mesma leveza que eu sentia quando estava abraçada contigo, ou deitada com a cabeça no teu colo, com vc alisando os meus cabelos. Daí vou ter certeza que a minha saudade se transformou também.

Um dia desses eu sonhei contigo, obrigada por ter aparecido nos meus sonhos. Nesse último vc estava tranquilo, como quando gente ficava jogando conversa fora e rindo de bobeira. Daí entendi tudo e fiquei feliz por vc. É isso mesmo a liberdade do perdão começa de dentro pra fora e tem que nascer dentro da gente. Aqui do nosso jeito e no nosso tempo, estamos buscando isso também viu.

Vc não veio mais né...não sonhei mais com vc. Mas eu entendo viu, deve estar ocupado aprendendo muita coisa nessa nova etapa, né!

Ei, quero aproveitar também pra te agradecer pelos 39 anos maravilhosos divididos nesse aprendizado de pai e filha. Foi muito bom dividir meu caminho contigo. Desculpa pai se de vez em quando ainda choro sentindo falta o teu colo, do teu abraço e do teu sorriso. Não quero com isso te prender ao meu apêgo.

O mais importante de tudo mesmo, e é o que quero que vc saiba, que a nossa família e todos os que estão do lado de cá saibam, é que acima de tudo, da distância e de qualquer dimensão, a nossa essência é feita de amor. Essa é a nossa verdadeira energia. E o amor mais cedo ou mais tarde transforma tudo a sua volta,aonde quer que possamos estar, fazendo a gente superar qualquer momento difícil.

Aqui devagarinho as coisas vão tomando a sua forma e aos poucos tudo vai se encaixando na vida de todos nós. Segue a tua trilha em paz que aqui cada um do seu jeito tá buscando isso também.

Amo vc.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Poetas...



Poetas são homens que expressam seus sonhos, dores e amores em palavras que tocam a alma.

Poetas são loucos que se permitem sentir e dizer o que sentem, embora sufoquem seus gestos.

Poetas são mágicos que nos levam ao paraíso, a lugares inesquecíveis, onde letras, versos e prosas florescem como se fosse primavera.

São pessoas como você e como eu. Que amam apesar das críticas e ainda que o mundo não permita esse amor.

Poetas são poucos.
São loucos por serem únicos e verdadeiramente ímpares em sua arte.
Únicos e verdadeiramente perfeitos em seu amor.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Saudade...



Meu pensamento transborda. Transborda de amor e saudade...
Prometi para mim mesma, novos rumos, novas trilhas, outras dimensões, mas como arrancar do peito a paz, o complemento, a sintonia?
Tatuaste em mim tua essência e deixaste aqui dentro um vazio, um grito que não sai. O grito que camuflo ao longo de cada dia com trabalho e ocupações mil. O grito que escondo de mim mesma todas as noites nessa cama vazia. O mesmo grito que sufoco todas as manhãs dizendo a mim mesma, ser um novo dia.
Memórias me atormentam e consolam a ausência tua.
Instantes em que nosso silêncio preenche e revela o que alma irradia. Lembranças que não consigo arrancar de mim... O deslizar das tuas mãos e lábios, tomando cada parte da minha pele. A dança do teu corpo unindo-se ao meu, o timbre da tua voz se manifestando aos poucos, sussurrando-me palavras doces. A entrega e o tremor vindo de nós dois, numa explosão de sorrisos, gemidos e lágrimas. São memórias que ora me atormentam e ora consolam a falta que fazes.
Memórias da pele, do tato, do olfato, do paladar... Memórias daquilo que se prometeu e apenas se sentiu e do muito que ainda ficou por viver.
Já tens meus pensamentos, meus desejos, meu amor, minha alma. O que mais queres de mim?
Vieste de muito longe, como brisa e tocaste minha alma com o perfume do teu ser. Chegaste com a força de mil ventos e reviraste ao avesso os meus sentimentos.
Ao olhar-te nos olhos, vi a face do amor verdadeiro translúcido numa consciência de vidas passadas. Perdi defesas, escudos e véus. Perdi meu chão. Joguei fora as amarras, os receios para simplesmente deixar-me ser ao teu lado. Mas a força da tua entrega perdeu-se na dimensão do meu desejo. E como água que escapa das mãos, perdemos o prumo da vida, perdemos o compasso, entre desejo e realidade.
Agora estás aí dividido nas tuas multi-dimensões. Pura essência que emoldura a tua alma de poeta. E agora estou aqui envolta em dor e saudade. Presa a lembrança dos teus sonhos e dos meus sonhos, acorrentada em memórias de ti e de mim.
O que se revela agora? Reflexos da crua realidade ou sombras duma caverna a qual não temos coragem de nos libertar? Não sei explicar. Não quero nem ouso explicar. Só quero que pare de sangrar essa falta que me fazes. Explicar para quem? Explicações para quê? Para doer mais, ou para quebrar de vez o que me acorrenta a ti? Conhecemos a trilha, sabemos o caminho. Segues o teu, ainda que olhando para trás, mas falta-me o primeiro passo.
Busco um antídoto, algo que me resgate dessa imensidão que tortura. Algo que amenize esse enorme espaço que nada preenche, que nada consola e que sei que deve ficar quieto do jeitinho em que está. Porque a vida deve ser vivida sem que se quebre o porquê da existência.
Por isso busco desesperadamente a fórmula secreta capaz de libertar a minha alma da tua.
Pois só me resta aceitar. Aceitar outra vez a renúncia, distância a saudade. Só me resta respeitar o porquê dos teus caminhos, por mais que me sangre o peito.


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O outro lado das palavras...


“Se você tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades, teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando. Falei muitas vezes como um palhaço, mas nunca desacreditei da seriedade da platéia que sorria."

(Charles Chaplin)



domingo, 28 de dezembro de 2008

Entrando em Órbita


Aqui deitada nessa grama, sentindo a brisa da noite, volto a namorar as estrelas que um dia deixei de admirar. Recordo no meio dessa noite longa e vazia quem fui e quem me tornei. Resgato sentidos outrora guardados no escuro da alma e deixo aflorar minhas emoções.


Sentimentos me invadem. Permito-me chorar e lamentar o que por vezes deixei de arriscar.

Fecho ciclos, encerro etapas, e trago de volta a esperança de um começar de novo...


Busco a magia dos gestos, a ousadia escondida, o desejo reprimido pela dor da realidade, da saudade de ti e de mim. Resgato a firmeza de idéias, de gentilezas, de sorrisos sinceros.


Trabalho as feridas e questiono o sentido do perdão. Do perdoar a mim mesma, do perdoar os outros, do julgar e ser julgada do simplesmente ser sem medo de arriscar.


Aqui onde minha emoção desperta, onde saio da razão e mergulho em quem realmente sou. Já não existe sentimento a sufocar. É preciso expressar o que alma grita, o que a consciência reconhece. È preciso expor idéias, felicidades, tristezas, amor, verdade, emoção, ainda que a razão ocupe espaço de vez em quando.


Aqui onde meu sentimento entra em órbita com meu ser. Sou consciência aberta, limpa, pronta para a busca da evolução programada neste tão longo e complexo existir.


Que venha o novo, a vida, a força de cada dia e que eu jamais perca novamente a órbita de quem sou.